Ouro Verde e antiga rodoviária seriam os primeiros imóveis da cidade com selo federal
18/07/2009 | 00:00 Stella Meneghel
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério da Cultura, abriu processo para avaliar o tombamento federal de duas obras do arquiteto João Batista Vilanova Artigas em Londrina: o Cine Teatro Ouro Verde e a antiga rodoviária, hoje Museu de Arte de Londrina. Ambas as obras, exemplares da arquitetura moderna brasileira, já são tombadas pelo Patrimônio Histórico do Paraná.
O tombamento pelo Iphan, se aprovado, irá representar uma nova fase para a preservação desses dos prédios. Ambos sofrem com a falta de recursos para reformas estruturais e para a realização de mais atividades. “O tombamento federal será muito importante, pois dará maior visibilidade às obras para concorrer em editais [que repassam recursos]. Dará inclusive a possibilidade de participar de editais internacionais”, enfatiza a diretora do museu, Sandra Jóia. A entidade é de responsabilidade da Prefeitura.
“O tombamento trará um mecanismo para começar do zero a luta para estruturar o Ouro Verde”, analisa Janete El Haouli, diretora da Casa da Cultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que mantém o teatro.
A diretora de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Vanda de Moraes, diz esperar com otimismo a conclusão do estudo. “As empresas de Londrina ainda não despertaram para investir no nosso patrimônio. Mas com o tombamento, uma empresa brasileira que busque investir no patrimônio da arquitetura moderna pode trazer recursos para Londrina”, comenta.
Processo
O processo de tombamento começou a ser feito em fevereiro deste ano, depois que representantes da UEL procuraram o Iphan. Uma empresa de Ponta Grossa venceu a licitação para fazer um estudo do valor nacional das duas obras de Artigas. “Já temos o relatório preliminar do estudo, que agora está sendo encaminhado para correções e adequações. Até o final do ano devemos enviar para Brasília, que decidirá se concorda ou não com o tombamento”, explica o historiador do Iphan e coordenador do estudo, Juliano Martins Doberstein.
“A antiga rodoviária e o Ouro Verde têm valor histórico e cultural, mas temos ainda que confirmar se há um valor nacional nesses prédios”, ressalta o historiador. “O tombamento traz um caráter simbólico muito grande. As obras se tornam um bem representativo da cultura brasileira”, acrescentou.
No Paraná há 16 bens tombados pelo Iphan. O mais recente é o Centro Histórico de Paranaguá e, segundo Doberstein, serve para ilustrar como o processo de tombamento é demorado. “O estudo de Paranaguá foi enviado para Brasília em 2007 e somente agora foi aprovado. É um processo demorado que pode confirmar a proposta inicial [de tombamento] ou refutá-la.” Se aprovar, o próprio Iphan pode destinar recursos para a recuperação da antiga rodoviária e do Ouro Verde.
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